09 dezembro 2008

Voltando

Eu pensava que isso aqui era uma espécie de limbo, mas eis que descubro que uma pessoa lê. E pela teoria das baratas - se você vê uma barata existem pelo menos cem escondidas - eu acredito que 100 pessoas leiam meu blog! E não ouse contrariar!

Em breve postagens interessantes, por hora só posso dizer que estou quase conseguindo o que quero no jogo. E no amor, bom... a luta continua! Hahaha.

11 outubro 2008

Febre, sono e pensamentos

Escrevo em um blog que ninguém mais lê. Escrevo devaneios e moro em Pindamonhangaba. Nem sempre é tão perceptível quando se chega ao fundo do poço. Olhar pra trás e ver que tudo já foi melhor. Olhar pra trás só pra confirmar o que Platão disse sobre perfeição 2300 anos atrás.
Não sei o que vai acontecer, e nem se vou conseguir agir com coragem. Eu não me impus desafios que não pudesse vencer. Só esqueci de me ancorar em algo totalmente sólido para conseguir.
Uma decepção fatal, um alicerce que sumiu como mágica em uma nevóa de ilusões. Não consegui, nem mesmo quis, reconstruir pedra por pedra. O tempo vôou como sempre. Cada vez mais rápido. Porque minha bicicleta não tem freios? Talvez para ir o mais rápido possível para o pior final que esse filme poderia ter. Nem Platão, nem qualquer outro grego acharia espantosa essa tragédia. Mas estamos falando de um cara de Pindamonhangaba, inserido até os olhos na cultura de massa. Onde estará meu final feliz? Não sem antes chegar ao clímax. Mas as condições não são favoráveis. Não parece haver nada realmente importante em jogo. Deus! como que eu queria estar na merda de verdade agora, pra gritar "Eu não vou morrer ainda seus filhos-da-puta!". Mas não é assim. Tenho um provação em poucos dias. Mas me sinto sozinho. Não tenho minha família ao meu lado, porque quando não precisava não os quis. Agora quero e não tenho. Não tenho meus amigos, porque quando não precisei não os quis. Agora quero e não tenho. É difícil ser justo ao desabafar. É tão tentador tem pena de mim mesmo.
Não sei o que eu me digo. Eu quero a goiaba ou o ainda o pequeno fruto? Acredito mesmo no que acredito? Mas que droga, eu sei que a influência disso é mínima.
Eu sei, nada pode ser perfeito. Mas buscando ser o ser humano que eu idealizei, eu não deveria estar próximo?
Quem vai chorar se eu morrer? Quem vai chorar se eu viver?
Eu encontrei motivos pra viver, mas vou conseguir sobreviver se não conseguir porra nenhuma?
Chega de perguntas. Apenas a mente serena, em um sábado a noite. Apenas o desejo de mostrar ao mundo que posso ser útil. A música me ajudará. Não sei nada sobre Nietzsche, mas ele foi muito feliz em dizer que sem música a vida seria um erro.
É isso! Minha vida tem sido um erro até agora. Mas não é tarde demais para corrigi-los. E nem preciso de uma experiência traumática para começar. Eu já comecei anos atrás. É hora de se empenhar um pouco mais. A luta continua...

Se você leu isso e não entendeu nada, mesmo que seja eu mesmo, não se preocupe. São apenas devaneios de um pindense.

30 junho 2008

Wall-E e o Capitão Óbvio


Ontem fui no cinema, assistir Wall-E.
A animação da Disney/Pixar é excelente, muito melhor do que eu esperava. Quando o filme é muito bom eu só digo uma coisa: assistam!
Então vou usar essa postagem pra contar um pouco de minhas experiências (ruins) no cinema. Me lembro muito bem das vezes que ia com minha família. Até esperar todos se arrumarem e estarem prontos para ir demorava alguns decênios. Enfim no shopping, todos tinham que comer uma porcaria qualquer atrasando mais ainda. Soma-se a tudo o fato de sempre irmos nas sessões mais cheias e no lançamento de filmes extremamente populares. O resultado era sempre o mesmo: sala lotada - péssimo para pessoas como eu que gostam de apreciar um filme (e não "pegar um cineminha") - e nenhum lugar decente disponível. Quem já sentou na primeira fila sabe do que estou falando. Me lembro que uma das últimas vezes que fui assim, sentei na segunda fila, ao lado de um cara que contava cada cena que ia acontecer pra sua namorada. Assim eu sabia de antemão todas as surpresas do filme. Quando comecei a criar juízo e ir por conta própria, decidi sentar sempre no mesmo lugar: um pouco mais acima da fila do meio e na coluna central. Pra mim, a posição perfeita para apreciar uma obra de arte, que o cinema é indiscutivelmente. Mas parece que mesmo os "pegadores de cineminha" - aquela gente que vai só por entretenimento - também sabem disso e insistem em me rodear. Invariavelmente são grupos de amigos ou casais que não sabem ficar quietos. Assim eu tenho que suportar bicas no encosto da minha poltrona, fofocas e comentários rídiculos sobre a cena.
Mas acho que nada supera o que aconteceu ontem. Eu encontrei o Capitão Óbvio em pessoa! O maluco me senta na exata poltrona atrás de mim e não consegue ficar uma cena sem narrar o que estava acontecendo para sua namorada, que deve ser idiota - ou por não entender o que estava acontecendo ou por entender e não mandar um cala boca para o dito cujo. Um exemplo para que entendam melhor. Numa cena, wall-e começava a tremer diante de um acontecimento e o Capitão disparou "Alá, ele tá com medo". O fim da picada. Não contente com a vergonha alheia o inteligente rapaz ainda ria de cenas que não eram pra rir!
Enfim, o filme acabou. Nos créditos apareciam os personagens do filme, como desenhos de vários estilos. Eu fiquei apreciando e logo no início ouvi do Capitão "Vamo embora logo, depois você vê isso".
Cinema é arte, e arte é mesmo para poucos.

22 junho 2008

Sobre o centenário da imigração japonesa.

Sinto muito, mas vou ter que dizer isto: tô de saco cheio de ouvir falar desse centenário.

Ok, os japoneses vieram para o Brasil, fugindo da miséria, e aqui construíram sua vida. Ajudaram o país, deram sua contribuição. Na culinária, nas artes, na agricultura.
Homenagens pipocam em todos os cantos aos descendentes de japoneses. O príncipe do Japão vem visitar o país. Revistas louvam a cultura do povo do sol nascente. Etc, etc.
Veja bem, tudo muito justo. Mas desproporcional! Onde está a homenagem aos negros? Trazidos para cá a força e que com suor e sangue carregaram a economia do país nas costas. Que foram depois de libertos para a marginalidade, porque os empregos assalariados foram destinados aos brancos. E ainda mais, onde está a homenagem aos povos indígenas? Donos destas terras mas que mesmo assim receberam os colonizadores, acreditaram na bondade deles e aceitaram repartir as terras, para depois serem expulsos ou mortos. Eu vejo em minha cidade, que tem nome indígena, uma estátua de um bandeirante, aquele mesmo que se embrenhava na mata para escravizar os índios. Isso não é justo. A cultura do indígena e do negro são consideradas inferiores? Ou é porque não há um grande país negro rico ou indígena rico que o governo queira impressionar?
Eu não vejo descendentes de negros ou índigenas considerando-se mais estrangeiros do que brasileiros. Não vejo eles indo embora do país após cursar uma faculdade pública, paga com dinheiro do contribuinte.
Que se acabe com esse preconceito. Se é para homenagearmos nossas raízes vamos homenagear a todas.


E não adianta fazer o Dia do Índio, botar penas na cabeça das crianças e dizer que isso é homenagem. Assim como o Dia da Lei Áurea.

Dez meses de pura emoção

Tem tanto para se dizer. Todas as coisas boas, toda a intensidade do sentimento, a felicidade ali sempre presente que todo dia acaba sendo perfeito e todos os problemas vão embora. Mas não consigo dizer. Minha pequena foi embora e só me deixou lembranças. Lembranças boas.

Que falta você me faz.

19 março 2008

Rambo de 4


Como um brasileiro, Stallone não desiste nunca. Perder a posição de grande astro das maiores bilheterias lhe parece coisa de derrotado, mesmo a causa seja o tempo. Sly(como é chamado em Hollywood) não quer saber de aposentadoria(nem de virar governador). Mais bombado do que nunca, empreendeu o retorno de seus maiores personagens: Rocky e Rambo. Foi bem sucedido o primeiro. Um filme que redimiu o péssimo Rocky 5 e fechou a série com chave de ouro contando uma história sobre dignidade na velhice.
Rambo 4 é outra história. Apesar das sequências de Rocky surgirem como caça-níqueis, eles tinham algo a dizer, nem que fosse a posição política de Sly. E o último filme fecha o ciclo do personagem. Existe em Rocky uma força que o faz querer lutar. Força ou demônio que só sairá após o último round da última luta. Já Rambo começou como crítica à crítica. Um filme que procurava despertar o reconhecimento da sociedade norte-americana aos soldados que lutaram por seu país no Vietnã.
Mas o filme agradou mesmo pela figura de seu personagem principal, que enfrentava todos os perigos sozinhos. Rambo então volta ao Vietnã para espalhar matança, e depois iria ao Afeganistão lutar ao lado dos Talibãs contra a URSS. Apenas filmes caça-níqueis com tiros e explosões para satisfazer o desejo dos ianques de sentir uma vitória militar contra os comunistas. Escapismo barato. Não havia nada a se dizer. Mas o importante desses filmes é como se cristaliza em Rambo o soldado que ama seu país, e luta por ele com todas as forças, estando disposto a dar sua vida por ele.
Em Rambo 4 isso é oportunadamente esquecido. Afinal sem URSS, não existe um vilão decente que ameace seu país. Um conceito da série é alterado na cara dura, tal como aconteceu em Exterminador 3 (“conceito do nós fazemos nosso destino” ser trocado por “o que está predestinado não pode ser mudado”).
Falemos do filme.
Rambo é um cara revoltado que mora na Tailândia e manda todo mundo se fuder. Vive de pegar cobras(ui!). Eis que um bando de missionários (aquela gente chata que viaja pelo mundo oferecendo ajuda em troca da imposição do cristianismo) decide contratá-lo para levá-los à Birmânia. O resto do roteiro pouco importa(se quiser entender vá assistir o filme). A clássica técnica de jogar o público para o lado do personagem fazendo a caveira dos antagonistas é usada, mas tão exaustivamente que ocupa 2/3 do filme com cenas de genocídio. No terço final, Rambo aparece para matar todo mundo. A justificativa agora é que Rambo sempre matou por si mesmo, e não por seu país. Isso manda as favas cenas como o final de Rambo II:
Coronel Trautman – Rambo, não odeie seu país.
Rambo – Odiar? Eu morreria por ele!
Rambo então se torna um matador velho. Não aparece sem camiseta(deve ser pra não pegar uma friagem). Ele é um velho que mata por si mesmo, e não acredita que o mundo possa mudar. Em síntese, Rambo deixa de ser o soldado dos primeiros filmes para se tornar um mercenário, ou melhor ainda, um genocida.
Toda a ideologia de Sly permeia o filme. Matança e guerra são as soluções para os problemas do mundo. A única voz pacifista aparece sem força na boca de um missionário(devidamente escorraçado por Rambo) que por fim acaba sendo obrigado a matar.
A violência é extrema. Mulheres são estupradas, camponeses são executados de forma sádica, e soldados são mutilados por tiros de alto calibre. O sangue jorra por toda a película, muitas vezes por uma computação gráfica de qualidade questionável.
Sly disse que pretendia fechar os ciclos dos personagens. É inegável que conseguiu isso com Rocky Balboa. Mas Rambo, que ciclo ele tinha a fechar? Só se fosse abandonando as armas e morrendo em paz, porque chegando a conclusão que matar é preciso só inicia um novo ciclo. Tanto que Sly já anunciou Rambo 5(!). Sinceramente não dá para esperar algo decente dessa verdadeira idéia de jerico. Nos resta torcer para que Rambo aprenda um pouco com Rocky, e decida parar de uma vez por todas.
Em tempo: Stallone disse que o 5º filme não se passará na selva, e no final do 4º ele está nos EUA. Seria interessante ver Rambo numa aventura em solo ianque novamente.

10 fevereiro 2008

Quando esses caras que ditam moda ajudam


A moda é uma coisa estranha, um dia um formador de opinião acorda e decide que boca de sino é legal. Então todo mundo começar a usar calças boca de sino.
Eu quase nunca sigo a moda, mas recentemente ela fez algo legal. Valorizou a barba por fazer. A popularmente conhecida cara de mendigo virou fashion. Caras como eu, que sofrem pra fazer a barba, se tornam bonitos da noite pro dia.
Pode acreditar, não foi fácil a moda da cara limpa. Fazer barba gasta tempo, no mínimo 15 minutos que eu poderia dormir a mais. Gasta dinheiro, afinal as boas lâminas são caras. Quem se arrisca a usar uma barata fica com a cara toda cortada e a barba mal feita. Mas no final todas as lâminas são descartáveis, fazendo você gastar seus suados caraminguás contínua e periodicamente. Ainda existe a opção da navalha, mas apenas para os mestres que aprenderam com seus mestres a utilizar essa espada das barbas, porque quem arrisca a usar sem saber conhece na pele a expressão "navalhada na cara".
Então você faz a barba. Existem duas formas: a padrão e a simples. A simples consiste apenas no barbear no sentido do pêlo, o que deixa a cara quase-limpa. Funciona, mas fica aquela vontade de ir além, além do que (desculpem essa anadiplose) no dia seguinte a barba já cresceu de novo à mendigo style. A padrão é quando você fica com a pele tão lisa quanto bunda de neném. Para isso você tem que raspar de cima pra baixo, de baixo pra cima, de um lado pro outro e até nas diagonais, até os pêlos simplesmente ficarem invisíveis a olho nu. O resultado é muito bonito mas... no dia seguinte você acorda cheio de pêlos encravados.
Mas não é só isso, o ritual de se barbear é como uma luta viking, você sempre fica com a cara cortada. Isso acontece porque simplesmente não dá pra ser gentil ao fazer a barba! A não ser que você tenha mãos de anjo, ou uma fraqueza física patológica, você fará pelo menos um cortezinho ao se barbear. Ainda existem mil bisus(macetes) para se fazer a barba que geralmente se aprende no quartel. Mergulhar o barbeador na água quente, fazer a barba após o banho, passar xampu na barba... enfim um monte de coisa que sinceramente não ajuda muito.
Então essa moda chegou e podemos sair com a barba por fazer que tá tudo certo! Na balada, no restaurante, no enterro. Barba por fazer agora é tendência.

Mas eu sinceramente tenho medo. Tenho medo que um dia apareça uma nova moda entre as mulheres por exemplo, algo como "Pernas por depilar" ou "Buços por fazer".

Antigamente era moda os homens serem barbudos, inclusive os militares. Me lembro que quando estava no serviço obrigatório me revoltava ver a fotos dos velhos generais, todos mais barbudos que o papai-noel enquanto eu era obrigado a me matar todos os dias fazendo a barba, logo depois de acordar, na água fria, mesmo no inverno. Tenho inveja de caras em que a barba simplesmente não cresce. Quem sabe um dia eu tenha 2000 reais pra gastar em um depilação definitiva à laser.

21 janeiro 2008

Relatório do documentário Surplus


O documentário Surplus do sueco Erik Gandini, procura mostrar a situação da sociedade atual, enfeitiçada pelo consumismo. Para isso, o diretor viajou durante três anos para diversos países, como Índia, Cuba e Eua.

No início vemos as manifestações em Gênova, 2001. Onde antes poderíamos esperar críticas aos atos violentos dos manifestantes, como quebrar janelas e incendiar carros, somos surpreendidos pela declaração de John Zerzan, guru do anticonsumismo, dizendo que os danos à propriedade não podem ser considerados violência, afinal um prédio não pode sentir nada. Violência, segundo ele, é ficar em casa, inerte, alheio aos acontecimentos a sua volta. Pode parecer estranho num primeiro momento, mas não fazer nada para mudar o mundo não é mais violento do que destruir propriedade privada? E como protestar contra o consumismo sem atacar o produto que ele gera? Mais a frente Zerzan critica a postura pacífica de fazer uma caminhada segurando uma faixa.

O filme segue mostrando os danos gerados ao meio ambiente pelo estilo de vida dos países ricos. É nessa parte que todos deveriam se perguntar: “Então como seria se todos os países fossem desenvolvidos?”. E aí que cai a máscara do chamado “desenvolvimento sustentável”. E mesmo assim todos os dias milhões de brasileiros tem o sonho impossível de ver nossa nação rica e desenvolvida, assim como os cidadãos dos outros países subdesenvolvidos. Marx pode ter cometido alguns erros, mas como ignorar o fato claro de que num mundo capitalista sempre haverá pobreza e exploração?

O filme busca então mostrar outro lado e vai para Cuba. Vemos que lá não há consumismo, não há sequer publicidade comercial. Porém a ilha caribenha está longe de ser a sociedade ideal. É interessante notar o poder absoluto de Fidel Castro.

Falando sobre liberdade, John Zerzan diz: “A liberdade que temos é a de escolher entre o produto A, B ou C”. E realmente, onde está nossa liberdade de não escolher?

O filme faz uma oportuna comparação entre a vida de uma cubana, que sonhava comer um Big Mac’s invés de arroz e feijão, e um jovem europeu, que com apenas 19 anos já é milionário e não sabe o que fazer com seu dinheiro, sentindo um vazio.

O documentário fala também como a evolução tecnológica, que se acreditava, ia libertar o homem, diminuindo seu trabalho. Mas o que vemos é que agora somos mais escravizados, pelo celular, pelo bip, pelo computador, não podemos abandonar mais o trabalho. Somos trabalhadores 24 horas por dia.

O discurso de George Bush mostra claramente no que ele está preocupado em defender: “Não podemos permitir que o terrorismo faça com que nós... que as pessoas não comprem mais”.

Na Índia vemos o destino dos resíduos do modo de vida nos países ricos, em um cemitério de navios, trabalhadores paupérrimos os desmontam para reciclá-los. E os depósitos de pneus chamam a atenção, ainda mais se lembrarmos que o Brasil os compra para recauchutá-los.

O documentário não mostra só as conseqüências ao meio ambiente, mas também as relações pessoais. Num mundo onde tudo pode ser comprado, uma empresa vende por módicos sete mil dólares, “bonecas de amor”.

No final do filme um discurso sobre um futuro possível, aonde as pessoas não irão mais querer o carro do ano, a roupa que está na moda, aonde as pessoas irão se contentar com o suficiente. Com muita coragem a cena final é da garota cubana, dizendo que quer mais do que isso, nos lembrando do poder da publicidade comercial, e dos desejos humanos.

Surplus não é um documentário para se pensar no futuro, é para se pensar o presente.


Mais um texto do ano passado. Como o anterior esse também teve um bom prazo sendo solenemente ignorado para que eu pudesse fazer em cima da hora, porque acredito trabalhar melhor assim (mentira). Um desconto: eu trabalhava e estudava, não tinha tempo pra nada!
Esse relatório tem uma história curiosa. O professor, muito sabiamente, pesquisou os textos existentes na internet. Quem usava um desses textos ou trechos deles tinha sua nota diminuida e o professor colocava uma pequena anotação: "copiou da internet". O meu tinha a nota reduzida, mas não falava o porquê. Como esse tinha sido o melhor texto que eu tinha escrito na faculdade, fui reclamar, e o professor disse que eu não tinha citado a fonte! Ele achou que o texto era tão bom que eu não podia ter escrito sozinho. Fiquei decepcionado com o professor por não ter confiado em mim (o único aluno que lia os textos que ele pedia pra ler), mas feliz por saber que o texto era bom mesmo. No fim ele voltou atrás e eu ganhei a nota máxima.

19 janeiro 2008

Análise crítica da publicidade.

A publicidade faz uso da segmentação do mercado - causada pela necessidade de individualidade - para vender seus produtos e idéias.

Até a década de 50, o consumo era "de massa", padronizado. Com o fordismo a todo vapor. Porém no início da década de 60 os jovens iniciaram a luta por sua emancipação social. A quebra do sistema fordista e a necessidade de ser único (que aos poucos deixou de ser uma causa jovem para atingir todas as faixas etárias) levou a criação do conceito de "estilo de vida". O corpo, as roupas, o lazer, o vocabulário etc. passam a ser estilizações do ser.
O mercado tornando-se toyotista/segmentado cresceu em variedade e obviamente em concorrência. À propaganda não restou outra escolha senão falar a linguagem do mercado e das pessoas. Passou a pesquisar quais os estilos de vida existentes e patrocinar (valorizar) os mais consumistas (rentáveis). A propaganda deixou de informar sobre o produto ou idéia para incorporar um imaginário mais frouxo, associado ao estilo de vida. E glorificando um ou outro estilo direciona a vontade individual (de pertencer a algum deles) ao consumo.
E não o só estilo de vida vai ser uma das diretrizes do estímulo ao consumo, mas a necessidade de distinção. Assim a propaganda mostra como quem tem riqueza intelectual ou financeira deve se expressar.
A cada passo que um indíviduo dá na escada de ascensão social deve, necessariamente, consumir de uma determinada forma que expresse de forma clara essa subida.
A publicidade vai mostrar que o trabalho duro e a dedicação ao "sucesso" são as características mais nobres do cidadão. O Brasil deixa de ser chamado país subdesenvolvido para se tornar um país emergente, ou seja, que está enriquecendo. E a população de classe média, pequena burguesa, vai comprar esse discurso. Os que tiverem sucesso em seus negócios vão justificá-los como resultado do trabalho, da dedicação à ascensão social. Quem não consegue atribui a sorte tais resultados. A publicidade, sempre atenta a sociedade e suas visões de mundo, trabalha de forma a estimular o consumo. Para os que não tiveram "sorte", resta ter conhecimento dos bens sucedidos, seja "como chegaram lá", ou a vida pessoal de tais pessoas. Esse público vai consumir induzido de que seus sonhos ficam mais próximos da realidade, enfeitiçados pelas promessas da propaganda. Do outro lado os bem-sucedidos vão abraçar a necessidade (criada pela publicidade) de se separar totalmente da classe que vieram, adquirindo mais e mais signos distintivos. Por fim a realidade que percebemos é apenas uma realidade fabricada, por um jogo de palavras, sentimentos e desejos coordenados friamente pelo interesse econômico da sociedade consumista.

Enfim, a publicidade não só estimula e legitima a necessidade humana de individualismo e de distinção, como vai direcioná-la ao consumo desenfreado de cada vez mais objetos apenas simbólicos, alguns sem qualquer função prática. Agora não vivemos mais a realidade do "Ter é mais importante que ser", mas sim a do "Para ser é necessário ter".


Escrevi esse texto na última prova de sociologia do ano passado. Lendo agora parece muito confuso e cheio de buracos, rs. Mas perdoem, tive que escrevê-lo na última hora (isso porque eu tive uma semana pra escrever).

A primeira postagem

Eu jurei que nunca teria MSN.
Eu jurei que nunca teria Celular.
Eu jurei que nunca teria Blog.

E aqui estou!