30 junho 2008

Wall-E e o Capitão Óbvio


Ontem fui no cinema, assistir Wall-E.
A animação da Disney/Pixar é excelente, muito melhor do que eu esperava. Quando o filme é muito bom eu só digo uma coisa: assistam!
Então vou usar essa postagem pra contar um pouco de minhas experiências (ruins) no cinema. Me lembro muito bem das vezes que ia com minha família. Até esperar todos se arrumarem e estarem prontos para ir demorava alguns decênios. Enfim no shopping, todos tinham que comer uma porcaria qualquer atrasando mais ainda. Soma-se a tudo o fato de sempre irmos nas sessões mais cheias e no lançamento de filmes extremamente populares. O resultado era sempre o mesmo: sala lotada - péssimo para pessoas como eu que gostam de apreciar um filme (e não "pegar um cineminha") - e nenhum lugar decente disponível. Quem já sentou na primeira fila sabe do que estou falando. Me lembro que uma das últimas vezes que fui assim, sentei na segunda fila, ao lado de um cara que contava cada cena que ia acontecer pra sua namorada. Assim eu sabia de antemão todas as surpresas do filme. Quando comecei a criar juízo e ir por conta própria, decidi sentar sempre no mesmo lugar: um pouco mais acima da fila do meio e na coluna central. Pra mim, a posição perfeita para apreciar uma obra de arte, que o cinema é indiscutivelmente. Mas parece que mesmo os "pegadores de cineminha" - aquela gente que vai só por entretenimento - também sabem disso e insistem em me rodear. Invariavelmente são grupos de amigos ou casais que não sabem ficar quietos. Assim eu tenho que suportar bicas no encosto da minha poltrona, fofocas e comentários rídiculos sobre a cena.
Mas acho que nada supera o que aconteceu ontem. Eu encontrei o Capitão Óbvio em pessoa! O maluco me senta na exata poltrona atrás de mim e não consegue ficar uma cena sem narrar o que estava acontecendo para sua namorada, que deve ser idiota - ou por não entender o que estava acontecendo ou por entender e não mandar um cala boca para o dito cujo. Um exemplo para que entendam melhor. Numa cena, wall-e começava a tremer diante de um acontecimento e o Capitão disparou "Alá, ele tá com medo". O fim da picada. Não contente com a vergonha alheia o inteligente rapaz ainda ria de cenas que não eram pra rir!
Enfim, o filme acabou. Nos créditos apareciam os personagens do filme, como desenhos de vários estilos. Eu fiquei apreciando e logo no início ouvi do Capitão "Vamo embora logo, depois você vê isso".
Cinema é arte, e arte é mesmo para poucos.

22 junho 2008

Sobre o centenário da imigração japonesa.

Sinto muito, mas vou ter que dizer isto: tô de saco cheio de ouvir falar desse centenário.

Ok, os japoneses vieram para o Brasil, fugindo da miséria, e aqui construíram sua vida. Ajudaram o país, deram sua contribuição. Na culinária, nas artes, na agricultura.
Homenagens pipocam em todos os cantos aos descendentes de japoneses. O príncipe do Japão vem visitar o país. Revistas louvam a cultura do povo do sol nascente. Etc, etc.
Veja bem, tudo muito justo. Mas desproporcional! Onde está a homenagem aos negros? Trazidos para cá a força e que com suor e sangue carregaram a economia do país nas costas. Que foram depois de libertos para a marginalidade, porque os empregos assalariados foram destinados aos brancos. E ainda mais, onde está a homenagem aos povos indígenas? Donos destas terras mas que mesmo assim receberam os colonizadores, acreditaram na bondade deles e aceitaram repartir as terras, para depois serem expulsos ou mortos. Eu vejo em minha cidade, que tem nome indígena, uma estátua de um bandeirante, aquele mesmo que se embrenhava na mata para escravizar os índios. Isso não é justo. A cultura do indígena e do negro são consideradas inferiores? Ou é porque não há um grande país negro rico ou indígena rico que o governo queira impressionar?
Eu não vejo descendentes de negros ou índigenas considerando-se mais estrangeiros do que brasileiros. Não vejo eles indo embora do país após cursar uma faculdade pública, paga com dinheiro do contribuinte.
Que se acabe com esse preconceito. Se é para homenagearmos nossas raízes vamos homenagear a todas.


E não adianta fazer o Dia do Índio, botar penas na cabeça das crianças e dizer que isso é homenagem. Assim como o Dia da Lei Áurea.

Dez meses de pura emoção

Tem tanto para se dizer. Todas as coisas boas, toda a intensidade do sentimento, a felicidade ali sempre presente que todo dia acaba sendo perfeito e todos os problemas vão embora. Mas não consigo dizer. Minha pequena foi embora e só me deixou lembranças. Lembranças boas.

Que falta você me faz.