21 janeiro 2008

Relatório do documentário Surplus


O documentário Surplus do sueco Erik Gandini, procura mostrar a situação da sociedade atual, enfeitiçada pelo consumismo. Para isso, o diretor viajou durante três anos para diversos países, como Índia, Cuba e Eua.

No início vemos as manifestações em Gênova, 2001. Onde antes poderíamos esperar críticas aos atos violentos dos manifestantes, como quebrar janelas e incendiar carros, somos surpreendidos pela declaração de John Zerzan, guru do anticonsumismo, dizendo que os danos à propriedade não podem ser considerados violência, afinal um prédio não pode sentir nada. Violência, segundo ele, é ficar em casa, inerte, alheio aos acontecimentos a sua volta. Pode parecer estranho num primeiro momento, mas não fazer nada para mudar o mundo não é mais violento do que destruir propriedade privada? E como protestar contra o consumismo sem atacar o produto que ele gera? Mais a frente Zerzan critica a postura pacífica de fazer uma caminhada segurando uma faixa.

O filme segue mostrando os danos gerados ao meio ambiente pelo estilo de vida dos países ricos. É nessa parte que todos deveriam se perguntar: “Então como seria se todos os países fossem desenvolvidos?”. E aí que cai a máscara do chamado “desenvolvimento sustentável”. E mesmo assim todos os dias milhões de brasileiros tem o sonho impossível de ver nossa nação rica e desenvolvida, assim como os cidadãos dos outros países subdesenvolvidos. Marx pode ter cometido alguns erros, mas como ignorar o fato claro de que num mundo capitalista sempre haverá pobreza e exploração?

O filme busca então mostrar outro lado e vai para Cuba. Vemos que lá não há consumismo, não há sequer publicidade comercial. Porém a ilha caribenha está longe de ser a sociedade ideal. É interessante notar o poder absoluto de Fidel Castro.

Falando sobre liberdade, John Zerzan diz: “A liberdade que temos é a de escolher entre o produto A, B ou C”. E realmente, onde está nossa liberdade de não escolher?

O filme faz uma oportuna comparação entre a vida de uma cubana, que sonhava comer um Big Mac’s invés de arroz e feijão, e um jovem europeu, que com apenas 19 anos já é milionário e não sabe o que fazer com seu dinheiro, sentindo um vazio.

O documentário fala também como a evolução tecnológica, que se acreditava, ia libertar o homem, diminuindo seu trabalho. Mas o que vemos é que agora somos mais escravizados, pelo celular, pelo bip, pelo computador, não podemos abandonar mais o trabalho. Somos trabalhadores 24 horas por dia.

O discurso de George Bush mostra claramente no que ele está preocupado em defender: “Não podemos permitir que o terrorismo faça com que nós... que as pessoas não comprem mais”.

Na Índia vemos o destino dos resíduos do modo de vida nos países ricos, em um cemitério de navios, trabalhadores paupérrimos os desmontam para reciclá-los. E os depósitos de pneus chamam a atenção, ainda mais se lembrarmos que o Brasil os compra para recauchutá-los.

O documentário não mostra só as conseqüências ao meio ambiente, mas também as relações pessoais. Num mundo onde tudo pode ser comprado, uma empresa vende por módicos sete mil dólares, “bonecas de amor”.

No final do filme um discurso sobre um futuro possível, aonde as pessoas não irão mais querer o carro do ano, a roupa que está na moda, aonde as pessoas irão se contentar com o suficiente. Com muita coragem a cena final é da garota cubana, dizendo que quer mais do que isso, nos lembrando do poder da publicidade comercial, e dos desejos humanos.

Surplus não é um documentário para se pensar no futuro, é para se pensar o presente.


Mais um texto do ano passado. Como o anterior esse também teve um bom prazo sendo solenemente ignorado para que eu pudesse fazer em cima da hora, porque acredito trabalhar melhor assim (mentira). Um desconto: eu trabalhava e estudava, não tinha tempo pra nada!
Esse relatório tem uma história curiosa. O professor, muito sabiamente, pesquisou os textos existentes na internet. Quem usava um desses textos ou trechos deles tinha sua nota diminuida e o professor colocava uma pequena anotação: "copiou da internet". O meu tinha a nota reduzida, mas não falava o porquê. Como esse tinha sido o melhor texto que eu tinha escrito na faculdade, fui reclamar, e o professor disse que eu não tinha citado a fonte! Ele achou que o texto era tão bom que eu não podia ter escrito sozinho. Fiquei decepcionado com o professor por não ter confiado em mim (o único aluno que lia os textos que ele pedia pra ler), mas feliz por saber que o texto era bom mesmo. No fim ele voltou atrás e eu ganhei a nota máxima.

19 janeiro 2008

Análise crítica da publicidade.

A publicidade faz uso da segmentação do mercado - causada pela necessidade de individualidade - para vender seus produtos e idéias.

Até a década de 50, o consumo era "de massa", padronizado. Com o fordismo a todo vapor. Porém no início da década de 60 os jovens iniciaram a luta por sua emancipação social. A quebra do sistema fordista e a necessidade de ser único (que aos poucos deixou de ser uma causa jovem para atingir todas as faixas etárias) levou a criação do conceito de "estilo de vida". O corpo, as roupas, o lazer, o vocabulário etc. passam a ser estilizações do ser.
O mercado tornando-se toyotista/segmentado cresceu em variedade e obviamente em concorrência. À propaganda não restou outra escolha senão falar a linguagem do mercado e das pessoas. Passou a pesquisar quais os estilos de vida existentes e patrocinar (valorizar) os mais consumistas (rentáveis). A propaganda deixou de informar sobre o produto ou idéia para incorporar um imaginário mais frouxo, associado ao estilo de vida. E glorificando um ou outro estilo direciona a vontade individual (de pertencer a algum deles) ao consumo.
E não o só estilo de vida vai ser uma das diretrizes do estímulo ao consumo, mas a necessidade de distinção. Assim a propaganda mostra como quem tem riqueza intelectual ou financeira deve se expressar.
A cada passo que um indíviduo dá na escada de ascensão social deve, necessariamente, consumir de uma determinada forma que expresse de forma clara essa subida.
A publicidade vai mostrar que o trabalho duro e a dedicação ao "sucesso" são as características mais nobres do cidadão. O Brasil deixa de ser chamado país subdesenvolvido para se tornar um país emergente, ou seja, que está enriquecendo. E a população de classe média, pequena burguesa, vai comprar esse discurso. Os que tiverem sucesso em seus negócios vão justificá-los como resultado do trabalho, da dedicação à ascensão social. Quem não consegue atribui a sorte tais resultados. A publicidade, sempre atenta a sociedade e suas visões de mundo, trabalha de forma a estimular o consumo. Para os que não tiveram "sorte", resta ter conhecimento dos bens sucedidos, seja "como chegaram lá", ou a vida pessoal de tais pessoas. Esse público vai consumir induzido de que seus sonhos ficam mais próximos da realidade, enfeitiçados pelas promessas da propaganda. Do outro lado os bem-sucedidos vão abraçar a necessidade (criada pela publicidade) de se separar totalmente da classe que vieram, adquirindo mais e mais signos distintivos. Por fim a realidade que percebemos é apenas uma realidade fabricada, por um jogo de palavras, sentimentos e desejos coordenados friamente pelo interesse econômico da sociedade consumista.

Enfim, a publicidade não só estimula e legitima a necessidade humana de individualismo e de distinção, como vai direcioná-la ao consumo desenfreado de cada vez mais objetos apenas simbólicos, alguns sem qualquer função prática. Agora não vivemos mais a realidade do "Ter é mais importante que ser", mas sim a do "Para ser é necessário ter".


Escrevi esse texto na última prova de sociologia do ano passado. Lendo agora parece muito confuso e cheio de buracos, rs. Mas perdoem, tive que escrevê-lo na última hora (isso porque eu tive uma semana pra escrever).

A primeira postagem

Eu jurei que nunca teria MSN.
Eu jurei que nunca teria Celular.
Eu jurei que nunca teria Blog.

E aqui estou!