19 janeiro 2008

Análise crítica da publicidade.

A publicidade faz uso da segmentação do mercado - causada pela necessidade de individualidade - para vender seus produtos e idéias.

Até a década de 50, o consumo era "de massa", padronizado. Com o fordismo a todo vapor. Porém no início da década de 60 os jovens iniciaram a luta por sua emancipação social. A quebra do sistema fordista e a necessidade de ser único (que aos poucos deixou de ser uma causa jovem para atingir todas as faixas etárias) levou a criação do conceito de "estilo de vida". O corpo, as roupas, o lazer, o vocabulário etc. passam a ser estilizações do ser.
O mercado tornando-se toyotista/segmentado cresceu em variedade e obviamente em concorrência. À propaganda não restou outra escolha senão falar a linguagem do mercado e das pessoas. Passou a pesquisar quais os estilos de vida existentes e patrocinar (valorizar) os mais consumistas (rentáveis). A propaganda deixou de informar sobre o produto ou idéia para incorporar um imaginário mais frouxo, associado ao estilo de vida. E glorificando um ou outro estilo direciona a vontade individual (de pertencer a algum deles) ao consumo.
E não o só estilo de vida vai ser uma das diretrizes do estímulo ao consumo, mas a necessidade de distinção. Assim a propaganda mostra como quem tem riqueza intelectual ou financeira deve se expressar.
A cada passo que um indíviduo dá na escada de ascensão social deve, necessariamente, consumir de uma determinada forma que expresse de forma clara essa subida.
A publicidade vai mostrar que o trabalho duro e a dedicação ao "sucesso" são as características mais nobres do cidadão. O Brasil deixa de ser chamado país subdesenvolvido para se tornar um país emergente, ou seja, que está enriquecendo. E a população de classe média, pequena burguesa, vai comprar esse discurso. Os que tiverem sucesso em seus negócios vão justificá-los como resultado do trabalho, da dedicação à ascensão social. Quem não consegue atribui a sorte tais resultados. A publicidade, sempre atenta a sociedade e suas visões de mundo, trabalha de forma a estimular o consumo. Para os que não tiveram "sorte", resta ter conhecimento dos bens sucedidos, seja "como chegaram lá", ou a vida pessoal de tais pessoas. Esse público vai consumir induzido de que seus sonhos ficam mais próximos da realidade, enfeitiçados pelas promessas da propaganda. Do outro lado os bem-sucedidos vão abraçar a necessidade (criada pela publicidade) de se separar totalmente da classe que vieram, adquirindo mais e mais signos distintivos. Por fim a realidade que percebemos é apenas uma realidade fabricada, por um jogo de palavras, sentimentos e desejos coordenados friamente pelo interesse econômico da sociedade consumista.

Enfim, a publicidade não só estimula e legitima a necessidade humana de individualismo e de distinção, como vai direcioná-la ao consumo desenfreado de cada vez mais objetos apenas simbólicos, alguns sem qualquer função prática. Agora não vivemos mais a realidade do "Ter é mais importante que ser", mas sim a do "Para ser é necessário ter".


Escrevi esse texto na última prova de sociologia do ano passado. Lendo agora parece muito confuso e cheio de buracos, rs. Mas perdoem, tive que escrevê-lo na última hora (isso porque eu tive uma semana pra escrever).

Um comentário:

Marcela! • disse...

Oo
Bom, eu não sou muito inteligente para entender tudo isso e pans, mas você escreve mega bem!
Eitá menino inteligente!

Te amo!

;*